Quem costuma dar uma espiada nas bobagens que escrevo, já deve ter lido alguma coisa sobre o meu fascínio pelas árvores.
Pois é, acreditem, elas existem. Estão espalhadas por toda a cidade, terra essa que era absolutamente tomada pela mais bela Mata Atlântica, antes de ser devastada pela civilização.
Mas notar a presença das árvores constitui tarefa para poucos. Nossos olhos não estão treinados para contemplá-las. As ignoramos na maioria das vezes, com nossa visão imediatista, tomada com os problemas do dia a dia, fincados no nosso mundo materialista.
Em que momento de nossas vidas deixamos de ver as árvores? Simples. No exato instante em que nos tornamos adultos.
São as crianças que veem as coisas, porque elas as veem sempre pela primeira vez com espanto e admiração. Os adultos, de tanto vê-las, já não as veem mais. As coisas - as mais maravilhosas, como as árvores - ficam banais.
Ser adulto é ser cego. E isso é um problema.
Porque os olhos são a lâmpada do corpo. Se os olhos forem bons, o mundo será belo. Se os olhos forem maus, o mundo será feio.
O Paraíso mora dentro dos olhos.
Eu voltei a enxergar as árvores.
E um dia, quando perguntarem quem eu fui nessa vida, gostaria que alguém dissesse: ele foi um homem que abraçava árvores. E que amava os ipês amarelos...
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