quarta-feira, 19 de junho de 2013

Allons enfants de la patrie. Marchons!

Protestar? Por quê?
 
Por pouca coisa. Senão, vejamos.
 
Um Legislativo contaminado por senhores feudais escravocratas; líderes religiosos pregando um falso moralismo e tentando impor suas crenças ortodoxas que não encontram lugar na sociedade moderna, tudo em nome de algum Deus; criminosos de terno e gravata que mal conhecem as cláusulas pétreas de uma carta magna por diversas vezes rasgada por "interesses maiores". Uma função estatal podre em sua essência, que padece da pior doença possível: a fome desmesurada de poder, vaidade e dinheiro. E que dá sustentação a um Executivo tão enfermo quanto.
 
A inflação que veio para ficar. As compras de supermercado. O preço da gasolina. O dólar subindo. As ações da Petrobrás e da Vale caindo. O poder de compra ficando cada vez mais diminuto.
 
Os hospitais públicos: um retrato do Inferno retratado na Divina Comédia de Dante Alighieri. As escolas públicas: para que educar o povo? O povo não precisa ter educação, cultura. O povo não precisa pensar. O povo precisa de futebol, pagode, funk, cerveja e novela. E bolsa-família e outros trocados dados generosamente por este inteligentíssimo governo "socialista", que construiu um projeto de poder "nunca antes visto na história deste país."
 
E bilhões de dinheiro público (meu, seu, nosso) vão para a construção de estádios, sendo que alguns deles em lugares onde não há sequer futebol. E não é piada de português.
 
As faculdades despejam milhares de doutores desempregados por ano, que em função dos baixos salários da iniciativa privada, tentam concurso público. Ou viram taxistas. É o que resta.
 
Iptu, Ipva, IR, Iss, Icms, Itbi... A escola tem que ser particular. Temos que pagar planos de saúde caríssimos, planos de previdência privada. Nossos condomínios têm que ter todos os sistemas de segurança disponíveis, portaria 24 horas. Luz e gás aumentando todo ano. 10% de juros no cheque especial. E o rendimento da poupança... 
 
De fato, há pouca coisa para protestar. Melhor assistir a Nigéria e Taiti. Sem o direito de xingar o juiz ou a presidenta. É falta de respeito.
 
20 centavos: um valor tão insignificante. Mas, talvéz, representem as abençoadas gotas de água que faltavam para transbordar o copo.
 
Que as passeatas continuem! Sem violência. Sem bandeiras de partidos políticos oportunistas. Sem centrais sindicais. Sem a UNE. Sem líderes religiosos. Uma manifestação essencialmente popular.
 
Oxalá os protestos repercutam nas urnas! Pois só quem tem o poder de curar a doença maligna que fulmina os nossos poderes estatais e que agoniza o povo, é o próprio povo.
 
Allons enfants de la patrie. Marchons! 

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