Correr. A língua portuguesa o classifica como verbo intransitivo, quando não precisa de um complemento (quem corre, corre); ou transitivo indireto, quando há um complemento, no caso, uma preposição (quem corre, corre de alguém/algo ou com alguém/algo).
Isto posto, confesso que eu sempre quis correr (como verbo intransitivo, diga-se de passagem). Sempre invejei aquele monte de gente correndo as maratonas, as pessoas correndo de short e camiseta com o fone de ouvido nas pistas da cidade.
Então, por que não correr? Qualquer coisa servia de desculpa: falta de tempo, preguiça, os joelhos (tendinite patelar).
Até que um dia, pedi licença aos meus joelhos, e decidi: vou correr! E comecei. Na esteira da academia, com ar condicionado, mas isso é só um detalhe.
O exercício tinha que durar quarenta minutos. No primeiro dia, não consegui correr nem cinco. No segundo, atingi a fabulosa marca dos cinco minutos. Com a língua pra fora, quase infartando.
E por aí foi. O que me entusiasmava era que a performance (falei bonito) realmente melhorava a curto prazo. A cada dia conseguia correr mais um pouquinho.
Ao final de seis meses, já estava correndo os quarenta minutos, perfazendo uma média de 5 Km aproximadamente. Me empolguei e fui investigar quantos quilômetros havia para se completar a meia maratona. Murchei igual flor quando descobri que eram "apenas" 21 KM. Faltavam "só" 16. Mas o joelho começou a incomodar e parei.
Após três meses sem correr, e com o joelho descansado, resolvi me aventurar por outras bandas. Troquei a academia pelas ruas da Tijuca (Andrade Neves e Homem de Melo). Esse cantinho no fim da Rua Uruguai, no pé da montanha, fica cheio de "atletas de rua", parecendo a Lagoa Rodrigo de Freitas ou o calçadão de uma praia qualquer. Tudo bem que não tem a lagoa nem a praia, mas, enfim, cada um com o seu cada um.
E lá fui eu novamente. A primeira impressão que tive, é que os companheiros de rua parecem se dividir em dois grupos: no primeiro, os gordinhos que caminham; no segundo, os magros que correm. Tentei me enquadrar em um dos grupos, mas não consegui. Estava mais magro que os gordinhos e mais gordo que os magros. Criei, então, o meu grupo particular, do qual acho que só eu faço parte: o dos gordos que emagreceram um pouco e acham que conseguem correr na rua.
Sim, porque da esteira na academia pra rua vai uma distância beeem grande. Na esteira não tem buraco, carro, pedestre, cocô de cachorro e afins. E na rua não tem ar condicionado.
E nesse percurso ainda tem uma baita ladeira pra subir. Resumindo: no primeiro dia corri 20 minutos, dei duas voltas e meia. Acho que não fui tão mal. E o joelho tá legal!
Quem sabe em alguns meses eu consiga mudar para o grupo dos "magros que correm". A meia maratona é o limite.
Se bem que entrar para o grupo dos "gordinhos que caminham" também não deixa de ser uma opção.
Ou então volto para a esteira da academia, com ar condicionado, local em que os meus joelhos se sentem mais confortáveis.
Mano,
ResponderExcluirNossa maratona é chegar a idade da nossa mãe andando diferente de como ela anda....e de preferência com joelhos originais.
Proteja seus joelhos, tudo é uma questão de DNA....a vítima pode ser você!
Beijo
João Carlos