terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Em algum lugar do passado

Em algum lugar do passado, ficaram palavras e canções.
 
Algo que deveria ser dito restou prisioneiro, numa boca que não se abriu.
Palavras silenciaram e rugas de preocupação nasceram, num rosto que não sorriu.
 
Em algum lugar do passado, morreram histórias e civilizações.
 
Estrelas se apagaram e o céu, de luto, ficou de mal.
Livros perderam as páginas, deixando os contos sem final.   
 
Em algum lugar do passado, imagens e rostos foram esquecidos.

Pássaros migraram, mas não regressaram.
E rastros perdidos, no caminho deixaram. 
 
Em algum lugar do passado, decisões e caminhos foram escolhidos.

E então, restaram enterrados, lugares não visitados.
Mares não navegados. Objetivos não alcançados.
 
Em algum lugar do passado, amores ficaram desconhecidos.

Nas páginas do livro que não foi lido.
Na letra da canção que não foi ouvida.
Na carta de amor que não foi escrita.
No sonho que não foi vivido.
 
Em algum lugar do passado, o presente foi formulado.

Com todos os acertos e erros, que não conhecíamos no passado.
 
E então, quando olho para o futuro, volto ao passado, e me deparo com o presente.

E tenho a sensação de que, por conta do presente, muito se perderá, lá na frente.

Palavras, canções, histórias e civilizações.
Imagens, rostos, caminhos e decisões.
Amores, sonhos, cartas e paixões.
 
Tudo ficará perdido ou abandonado, em algum lugar do passado. 

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