Em algum
lugar do passado, ficaram palavras e canções.
Algo que
deveria ser dito restou prisioneiro, numa boca que não se abriu.
Palavras
silenciaram e rugas de preocupação nasceram, num rosto que não sorriu.
Em algum
lugar do passado, morreram histórias e civilizações.
Estrelas
se apagaram e o céu, de luto, ficou de mal.
Livros
perderam as páginas, deixando os contos sem final.
Em algum
lugar do passado, imagens e rostos foram esquecidos.
Pássaros migraram, mas não regressaram.
E rastros
perdidos, no caminho deixaram.
Em algum
lugar do passado, decisões e caminhos foram escolhidos.
E então, restaram enterrados, lugares não visitados.
Mares não
navegados. Objetivos não alcançados.
Em algum
lugar do passado, amores ficaram desconhecidos.
Nas páginas do livro que não foi lido.
Na letra
da canção que não foi ouvida.
Na carta
de amor que não foi escrita.
No sonho
que não foi vivido.
Em algum
lugar do passado, o presente foi formulado.
Com todos os acertos e erros, que não conhecíamos no passado.
E então,
quando olho para o futuro, volto ao passado, e me deparo com o presente.
E tenho a sensação de que, por conta do presente, muito se perderá, lá na frente.
Palavras,
canções, histórias e civilizações.
Imagens,
rostos, caminhos e decisões.
Amores, sonhos,
cartas e paixões.
Tudo
ficará perdido ou abandonado, em algum lugar do passado.
Belíssimo, exato, perfeito!
ResponderExcluirJoão Carlos