Atrás daquela árvore mora uma história.
Sinto muito, mas não sei contá-la. A árvore bloqueia minha visão.
Pode ser a história de um gnomo em busca do pote de ouro, cuidadosamente guardado por duendes no final do arco-íris. Com fadas e ninfas como coadjuvantes e um besouro gigante como vilão.
Pode ser a história de uma linda menininha pobre e sua fiel companheira, uma bela bonequinha de pano suja e rasgada. Bonequinha maltrapilha, porém muito mais bela que a mais bela das bonecas de luxo das meninas ricas. Mais bela porque certamente é muito mais amada.
Pode ser a história de um menino tímido que vivia em seu quarto escuro na companhia de seus livros de poesia e gibis. De seu violão e seu jogo de botão. Um menino que de tanto querer encontrar o seu caminho, esqueceu de sonhar um sonho que não volta mais.
Pode ser a história de um grão de areia apaixonado pela lua, que se afogou no mar de suas lágrimas diante a impossibilidade de conquistar o seu amor.
Pode ser a sua história. Pode ser a história do Zé, da Maria, do João. Pode ser uma história qualquer.
Não, não pretendo subir na árvore, para descobrir qual é a verdadeira história que tem do lado de lá.
Prefiro minha visão bloqueada.
Assim, se eu estiver feliz posso escrever uma história sobre o amanhecer. Se eu estiver triste, posso tecer versos enaltecendo a beleza do anoitecer.
Com os olhos fechados, posso imaginar a história que eu quiser.
E a árvore que eu quiser. Como aquela lá da primeira linha. Uma árvore com tronco de chocolate, galhos de banana caramelada, folhas de doce de leite, frutos de brigadeiro e sementes de confete.
E raiz de faz de conta.
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