segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Uma história qualquer

Atrás daquela árvore mora uma história.

Sinto muito, mas não sei contá-la. A árvore bloqueia minha visão.

Pode ser a história de um gnomo em busca do pote de ouro, cuidadosamente guardado por duendes no final do arco-íris. Com fadas e ninfas como coadjuvantes e um besouro gigante como vilão.

Pode ser a história de uma linda menininha pobre e sua fiel companheira, uma bela bonequinha de pano suja e rasgada. Bonequinha maltrapilha, porém muito mais bela que a mais bela das bonecas de luxo das meninas ricas. Mais bela porque certamente é muito mais amada.

Pode ser a história de um menino tímido que vivia em seu quarto escuro na companhia de seus livros de poesia e gibis. De seu violão e seu jogo de botão. Um menino que de tanto querer encontrar o seu caminho, esqueceu de sonhar um sonho que não volta mais.

Pode ser a história de um grão de areia apaixonado pela lua, que se afogou no mar de suas lágrimas diante a impossibilidade de conquistar o seu amor.

Pode ser a sua história. Pode ser a história do Zé, da Maria, do João. Pode ser uma história qualquer.

Não, não pretendo subir na árvore, para descobrir qual é a verdadeira história que tem do lado de lá.

Prefiro minha visão bloqueada.

Assim, se eu estiver feliz posso escrever uma história sobre o amanhecer. Se eu estiver triste, posso tecer versos enaltecendo a beleza do anoitecer.

Com os olhos fechados, posso imaginar a história que eu quiser. 

E a árvore que eu quiser. Como aquela lá da primeira linha. Uma árvore com tronco de chocolate, galhos de banana caramelada, folhas de doce de leite, frutos de brigadeiro e sementes de confete.

E raiz de faz de conta.    

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