sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Domingo no Zoo

(Manoela) - Pai, eu quero ver a girafa.
(João Gabriel) - Eu quero ver corujas.
(André) - E eu quero ver o hipopótamo.

E assim fomos ao Zoo. Um calor infernal. Poderia estar na praia, mas não, os filhos querem ver bichos num lugar quente e cheio de gente que parece que nunca viu um macaco na vida, e faz de tudo para conseguir o melhor ângulo do jacaré (se é que existe).

Entramos. Araras, araras e araras. Cobras e lagartos.

(M) - Pai, cadê a girafa?
(JG) - Eu quero as corujas!
(A) - Calma, acabamos de entrar, devem estar mais pra frente.

Quatrocentos e setenta e sete tartarugas depois, eis que surge o ... HIPOPÓTAMO!

Abro um parêntesis para tecer algumas considerações sobre o hipopótamo. Sempre nutri uma especial admiração por ele. Palavra de origem grega que quer dizer cavalo do rio, o bicho fica lá, só se banhando na paz e na tranquilidade. Ele poderia querer ser um cavalo de verdade, um elefante, ou ainda um forte e bravo rinoceronte. Mas não, ele tem total consciência da sua real missão na terra: não servir para absolutamente nada. Talvez ele tenha várias teses sobre a vida, só que ninguém nunca lhe perguntou e a chance disso vir a acontecer algum dia é nula. Então, o nosso obeso mamífero se resigna com a sua inutilidade terrena e vive em paz. É ou não é um sábio?

(M) - Bora pai, eu quero ver a giraaaaaaaaaaafa...
(JG) - Olha, corujas!!!

Após o João tirar setenta e seis fotos das cinco corujas enjauladas, o que levou aproximadamente trinta e sete minutos, seguimos nossa jornada animal.    

Duzentos e setenta e seis macacos depois (ainda dizem que os coelhos é que são férteis), nos deparamos com a jaula da preguiça.

Pausa. A preguiça parece um macaco. Um macaco que nasceu, assim, meio lerdo. Um erro no processo genético do macaco. Talvez seja por isso que ela é tão encantadora. Porque assim como o hipopótamo, ela também não serve pra nada. Mera expectadora do universo. Fica ali enroscada no galho da árvore, esperando o mundo acabar em barranco pra ela morrer encostada Só que o hipopótamo vê o mundo de cabeça erguida. Ela nem isso. Vê tudo de cabeça pra baixo.

(M) - Pai, a GIRAFAAAAA!!
(A) - Ok, ok, ok, vamos atrás da girafa.

Trezentos e cinquenta e dois periquitos, quarenta e três papagaios, quatro urubus. E, com a graça de Deus, a girafa!

(M) - Pai, não tô conseguindo tirar a foto, ela tá dentro da casa dela, tá muito longe!

Beleza. Lei de Murphy. De todos os milhões de bichos do Zoo, por que logo a girafa tinha que estar caseira naquele momento?

(M) - Pai, manda a girafa sair da casa, eu preciso tirar uma foto dela pra mandar pra mamãe por WhatsApp!!! Andaaaaa...

Como o meu "girafês" não estava lá essas coisas, mantive a calma nessa situação de stress e fiz o que pude.

(A) - Filha, nós vamos ficar aqui o tempo que for preciso pra você bater a sua foto.

Vinte e oito minutos depois, nada da idiota da girafa sair da casa.

(JG) - Olha, tem um pônei junto com a zebra!
(M) - Eu quero ver o pônei!

Louvado seja esse pônei!

Bem, o pônei é um cavalo com nanismo. É tipo fofo e acabou tirando a graça da zebra. Ninguém dava atenção a ela. Não com um pônei fofinho do lado. Sei não, mas periga da zebra ter um ataque de ciúmes. E o pônei...

De repente, uma gritaria atrás de nós, a população enlouquecida correndo com suas câmeras na mão. Fiquei imaginando: seria um astro do rock, uma modelo famosa, um artista de televisão, Papai Noel? Não, nada disso. Era a girafa que tinha saído da casa.

Peguei a Manozinha pela mão e saí correndo com ela no meio da multidão, câmera em punho, lutando bravamente braço a braço com o povo suado e fedido pelo melhor ângulo deste ruminante pescoçudo. Afff... Missão cumprida. O que um pai não faz pela filha.

Nessa altura, já estava no bagaço. Chegamos rápido até a saída, pois todos os felinos estavam meio mortos com o calor, pareciam feras empalhadas com a língua de fora.

Na saída, uma lojinha de souvenir, onde me fizeram comprar uma corujinha de pelúcia, a Jujuba, nova moradora do meu carro.

Para fechar o passeio, a passarela da fauna. Uma ponte cuja única função era nos deixar mais longe do carro. E, consequentemente, mais cansados, suados e com sede. Enquanto desfilávamos pela tal passarela, avistamos antas, emas, galos e... veados.

Não, não pretendo dissertar sobre os veados. Tipo, nada contra esses formosos cervos. Mas como já disse antes, prefiro os hipopótamos.

Eles, sim, sabem das coisas.    


     

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