a porta me bate a cara
acordo nas sombras da agonia
os olhos cerrados despertam as trevas
o corpo se nega a entender
o corte que transpassa a alma
correria tropeço desespero
não saio do lugar
a dor nasce num coração
que não merece chorar
a tristeza cresce em olhos
que não merecem parar de brilhar
o espírito demente anda a esmo
em meio a escuridão
busca sair da contramão da resignação
entender o que se passa com a vida
transformada abruptamente
num labirinto sem saída
janela sem vista para o mar
sem direção a tomar eu vou
sem saber o que fazer e onde estou
seguindo sendo o eu que ainda não sou
espero a porta abrir apenas e tão somente
[para respirar
"A literatura e a poesia são as palavras que colocamos no vazio. Um gesto: no lugar da ausência, um ramo de hortênsia." (Cassiano Ricardo)
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Rosa despetalada
A tristeza da minha poesia
É tão bela quanto a nostalgia.
A felicidade não precisa de versos,
Nem de roupagem. É bela nua, despida.
Já a tristeza, para ganhar a beleza,
Há que cobri-la com palavras, coitada.
Não passa de uma rosa despetalada,
Onde o poeta, com todo o cuidado,
Repõe suas pétalas com palavras, lado a lado.
A tristeza da minha poesia
É tão bela quanto a noite que encobre o dia.
Poesia triste e tão bela.
Tão bela e tão minha.
Que se a entenderes sem que tua alegria diminua.
Sem que a cor suma do teu dia,
Poderia a fazer tão sua,
Quanto minha.
A bela tristeza de minha poesia.
É tão bela quanto a nostalgia.
A felicidade não precisa de versos,
Nem de roupagem. É bela nua, despida.
Já a tristeza, para ganhar a beleza,
Há que cobri-la com palavras, coitada.
Não passa de uma rosa despetalada,
Onde o poeta, com todo o cuidado,
Repõe suas pétalas com palavras, lado a lado.
A tristeza da minha poesia
É tão bela quanto a noite que encobre o dia.
Poesia triste e tão bela.
Tão bela e tão minha.
Que se a entenderes sem que tua alegria diminua.
Sem que a cor suma do teu dia,
Poderia a fazer tão sua,
Quanto minha.
A bela tristeza de minha poesia.
domingo, 1 de setembro de 2013
Viva la vida!
Primeiro de Setembro de 2013.
Pracinha Xavier de Brito.
São dez horas da manhã de um domingo ensolarado e inicio minha caminhada na praça acima mencionada.
Short, tênis, camiseta, óculos escuros e fone de ouvido. Com a companhia da Marisa Monte vou em frente.
"Vai sem direção, vai ser livre..." Por enquanto vou andando em círculos. A praça é redonda e a pista a acompanha.
Minha atenção é voltada para o interior da praça. Vejo muitos pais com os filhos. As crianças brincam enquanto os pais conversam sobre futebol. As mães falam sobre os filhos e suas fraldas. Vejo um espaço destinado aos cães que correm e brincam como crianças e seus donos em conversas caninas.
Os velhinhos jogam buraco nos bancos da praça. As velhinhas dizem "no meu tempo era assim..." Os jovens se exibem e comentam sobre as "periguetes" que eles "pegaram" nos bailes funk e pagodes da vida.
"Verdade, uma ilusão, vinda do coração..." Vejo uma feirinha com suas simpáticas barraquinhas vendendo artesanato e roupas. Uma blusa diz" "Eu amo o Rio." Eu também. Numa outra barraca, cartazes explicam os benefícios para a pessoa virar vegetariana.
"Quando eu te ligar cantando aquela velha canção..." Passa uma menina bonita por mim e o motorista do carro ao lado buzina e grita: "Gostosa!" Vejo um sorriso de canto de boca nascer no rosto da guria. E vejo árvores. Uma em especial, no centro da praça, reinando majestosa sobre todas as demais. Não resisto e vou até ela lhe dar um abraço. Sim, eu abraço árvores. Indiferente aos olhares curiosos e pensamentos das pessoas que se deparam com um louco abraçando uma árvore.
"Descalço no parque sozinho eu estou a esperar por você, meu amor..." Avisto uma seita religiosa ou filosófica, sei lá. Todos de branco. O cartaz anuncia: "O universo em desencanto: o homem é um ser sem destino que nasce em cima de uma terra sem saber porque nem para quê. Nesta obra você terá a resposta."
"O que você quer saber de verdade..." Em outros tempos eu teria ido lá saber a tal resposta.
Hoje, não.
A filosofia já me confundiu muito. Chega. Prefiro as respostas simples. Por que existimos? Simples.
Talvez seja para levar o filho ou o cachorro para brincar na pracinha. Para conversar sobre futebol ou fraldas. Para jogar buraco no banco da praça ou falar "no meu tempo era assim..."
Talvez seja para "pegar periguetes" no baile funk" Para gritar "gostosa!" para uma menina bonita. Ou vestir uma camiseta declarando o amor pelo Rio.
"Ainda bem, que agora encontrei você..." Talvez seja para abraçar uma árvore. Para virar vegetariano num dado momento da vida. Ou para andar em círculos em volta de uma praça e escrever uma crônica sobre o porquê da existência humana.
Talvez seja simplesmente para viver.
"Tão longa a estrada, tão longa a sina, tão curta a vida.
Tão largo o céu, tão largo o mar, tão curta a vida.
Curta a vida!"
Universo em desencanto? Tô fora, respeitosamente. Fico com a Marisa. Por que existimos? Para viver a vida que é curta. Então, curta a vida!
E que venha a primavera...
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