Um poema rimado eu tento escrever.
E penso se alguém vai ler.
Pois fazer as rimas dá trabalho
E não há como pegar um atalho.
A primeira estrofe eu já escrevi
E o tema ainda nem escolhi.
A segunda não traz qualquer mensagem
E a terceira já pede passagem.
Que poeta de araque eu sou.
Nem sei que tema eu dou.
Poema sem assunto, que não diz nada
Bem vagabundo, é roto, de nonada.
E sem nada para dizer
Não vejo o que fazer.
A poesia ficará banal
Já que a última estrofe está no final.
Mas não me dou por vencido,
E escrevo um epílogo intrometido.
Só pra dizer que se hoje eu não fui feliz,
Um dia eu serei e ainda vão me pedir bis.
Pois sou um poeta persistente
Não desisto. Sigo em frente.
E prometo que pensarei em algum tema
Quando escrever o próximo poema.
"A literatura e a poesia são as palavras que colocamos no vazio. Um gesto: no lugar da ausência, um ramo de hortênsia." (Cassiano Ricardo)
quinta-feira, 25 de abril de 2013
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Um banho morno beeeem demorado.
- OK.
- Como?
- OK.
- Gustavo Henrique, você não ouviu nada do que eu falei?
- Ouvi. Eu disse OK.
- Eu sei que você disse OK. Por isso eu não acredito que você tenha ouvido uma palavra do que eu falei.
- Você falou que o síndico mandou racionar água, por causa do problema de abastecimento da Cedae.
- E é só isso que você tem a dizer? OK?!
- O que você quer que eu diga?
- Nada. Eu quero que você tome uma atitude. Que vá falar com o síndico. Que diga a ele que um dos poucos prazeres que sua mulher tem é tomar um banho morno beeeem demorado. Que ele que se vire com a água, chame um carro pipa, sei lá. Mas não, né, Gustavo Henrique, você tá se lixando pra sua mulher. Você prefere dizer OK para o síndico, do que defender sua mulher.
- Célia Regina, pelo amor de Deus, não surta. O síndico tá fazendo o papel dele, ele não tem culpa se não tá entrando água na caixa d` água do prédio.
- Então liga pra Cedae! Reclama com o prefeito. Vá ao Papa, mas defenda o sagrado direito da sua esposa de tomar um banho morno beeeem demorado!
- Célia Regina, seja razoável.
- Seja razoável? Você é um cretino, Gustavo Henrique. Quando cai o sinal da TV a cabo no meio do seu futebol, você vira bicho. Liga pra lá e só falta comer o telefone! Quando cai a internet e você não consegue postar nada no facebook, idem. Agora quando é um prazer da sua mulher que lhe é retirado, no caso um banho morno beeeem demorado, ela tem que ser razoável. Você não me ama mais.
- Céus...
- É isso. Foi preciso acabar a água, pra eu chegar a essa conclusão. Tchau, Gustavo Henrique.
- Aonde você vai?
- Pra casa da mamãe. Lá o síndico não mandou racionar água. E talvez eu não volte.
- OK.
- Como?
quarta-feira, 10 de abril de 2013
A mangueira do diabo
Manoel morreu. Não, não foi pro céu, ao contrário do que aconteceu na canção do Ed Motta.
Neste conto ele foi pro inferno.
Mas achou que tinha ido pro céu. Aquele lugar não se parecia em nada com a representação do inferno que havia visto algumas vezes, quando era vivo.
Não havia fogo nem cheiro de enxofre. Não havia diabinhos com tridentes tentando espetar os traseiros dos seus habitantes.
Na verdade, o lugar era lindo. Um infinito campo de grama verde, um céu azul anil e uma melodia que reconheceu como sendo a Nona Sinfonia de Beethoven. Completando o quadro, um leve odor de lírios do campo.
Mas à frente, uma frondosa árvore, que ele reconheceu ser uma bela mangueira. Sentado embaixo de seus galhos, e chupando uma apetitosa manga, o dono do lugar.
- Seja bem-vindo, Manoel!
- Você é o ...
- Em carne e osso.
- Mas aqui não é o céu?
- Não, é o inferno. Mas tudo bem, fica frio, todos se confundem.
- Não estou entendendo. O inferno é um lugar bonito, tranquilo, bucólico, cheiroso e embalado com a mais bela das músicas clássicas?!
- Obrigado. Eu reconheço que tenho bom gosto.
- Puxa! Se os vivos soubessem disso, não haveria mais bondade no mundo.
- Fazem propaganda enganosa minha lá na terra. Mas é tudo intriga da oposição.
- E agora, o que eu faço?
- Fique à vontade. A casa é sua. Qualquer dúvida é só me procurar aqui, na minha mangueira.
Uma semana depois, lá foi Manoel atrás do danado.
- Chefe, é o seguinte: NÃO AGUENTO MAIS ISSO AQUI! É tranquilo demais. Não acontece nada! Esse cheiro de lírio está embrulhando meu estômago. E essa música que não para nunca, não dá pra desligar esse rádio? Pelo menos troca a música, põe um Paralamas, um sambinha, qualquer coisa menos essa sinfonia que já está me dando nos nervos...
- Calma, Manoel. Você está aqui só há uma semana e já está enjoado?
- Quero ir embora.
- Ok, pode ir. Você é livre aqui.
- Mas não consigo. Esse campo é infinito, não acaba nunca. Onde é a saída?
- É, isso é um problema. Não tem. Só tem entrada.
- MAS ISSO AQUI É UM INFERNO!!!
- Exato. Seja bem-vindo Manoel. Agora você finalmente entendeu o espírito da coisa.
- E agora, o que eu faço?
- Chupa essa manga.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
As tríades da vida: um pouco da cultura celta e algumas bobagens.
O povo celta considerava o número três sagrado. Eles tinham um símbolo, chamado Triskle ou Triskelion, que é uma espécie de estrela de três pontas, levemente curvadas, dando a impressão de movimento.
Segundo sua cultura, tudo na terra (chamada de Deusa), tinha um tríplice aspecto. Senão, vejamos.
Três eram as faces da Deusa: donzela, mãe e anciã.
A primitiva divisão do ano continha três estações: primavera, verão e inverno.
Assim como três eram as fases da lua: crescente, cheia e minguante.
E não parava por aí.
A natureza humana também aparece com um tríplice aspecto: corpo, mente e espírito.
Os elementos da natureza: céu, mar e terra.
O tempo: passado, presente e futuro.
Finalmente, temos o ciclo da vida: nascimento, vida e morte.
Outro aspecto interessante: se as pontas da Triskle estiverem curvadas para a direita, dando a impressão de movimento no sentido horário, representa expansão e crescimento. Em sentido contrário, simboliza proteção e recolhimento.
De um modo geral, este símbolo está associado ao crescimento pessoal, ao desenvolvimento humano e sua evolução espiritual.
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Simpatizo com isso tudo. São idéias que se coadunam com o que eu acredito.
Parêntesis. Não cabe agora discorrer sobre "o que eu acredito". Fica pra uma próxima oportunidade. Fecha parêntesis.
Mas essa história do número três ficou na minha cabeça. Não resisti. E comecei a pensar em outras triplicidades.
De acordo com a nossa Constituição Federal, possuímos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
No horóscopo, os signos são divididos em grupos de três, as chamadas triplicidades: três signos de ar, três de fogo, três de terra e três de água.
No campo religioso:
Temos a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Os Reis Magos eram três: Baltazar, Melchior e Gaspar.
Na Umbanda trabalham três entidades: crianças, caboclos e pretos velhos.
Agora vamos nos divertir um pouquinho:
O pato Donald tinha três sobrinhos: Huguinho, Zezinho e Luizinho.
Dartanhan tinha os três mosqueteiros: Athos, Porthos e Aramis.
Três eram os porquinhos: Prático, Cícero e Heitor.
Assim como os patetas: Larry, Curly e Moe.
Recentemente, conhecemos as super poderosas: Lindinha, Docinho e Florzinha.
Isso tudo significa que...
Bom, pode não significar nada.
Mas rende um bom título para uma história de suspense: "O Enigma do Três."
Com três mortos, três suspeitos, três detetives e três mordomos.
Talvez um dia eu a escreva. Com três finais diferentes.
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